“Se a poesia não surgir tão naturalmente como as folhas de uma árvore, é melhor que não surja mesmo.” disse uma vez o icônico poeta John Keats. Mas o que faz com que um texto seja poético? E como a poesia tem o poder de mover nossa alma? Vamos explorar.
O Que é Texto Poético?
Um texto poético é uma forma de expressão que utiliza a linguagem de maneira criativa e rítmica para comunicar emoções, ideias ou beleza. É o uso do ritmo, da métrica e das imagens que muitas vezes define um texto poético.
Elementos do Texto Poético: Rima, Ritmo, Linguagem Figurada e mais
Antes de mergulharmos nos elementos do texto poético, recomendamos assistir ao conteúdo em vídeo disponível neste artigo. O vídeo proporciona uma compreensão visual e auditiva dos elementos poéticos, enriquecendo sua apreciação e entendimento da poesia. Então agora, vamos explorar os elementos poéticos através do poema Moça Linda Bem Tratada, de Mário de Andrade.
Moça Linda Bem Tratada (1946), de Mário de Andrade:
Moça linda bem tratada, Três séculos de família, Burra como uma porta: Um amor. Grã-fino do despudor, Esporte, ignorância e sexo, Burro como uma porta: Um coió. Mulher gordaça, filó, De ouro por todos os poros Burra como uma porta: Paciência... Plutocrata sem consciência, Nada porta, terremoto Que a porta de pobre arromba: Uma bomba.
Rima:
A rima é um recurso poético que envolve a repetição de sons semelhantes no final de palavras ou frases, geralmente encontrados no final de linhas em poesia. A rima pode ajudar a criar um ritmo, aprimorar a musicalidade e conectar as ideias no poema.
No poema “Moça Linda Bem Tratada” de Mário de Andrade, as rimas não são tão evidentes, pois o poema não segue um esquema de rima tradicional. No entanto, há uma espécie de rima interna com a repetição da estrutura “Burra como uma porta:” e “Burro como uma porta:”, onde “Burra” e “Burro” rimam entre si. Além disso, a palavra “porta” é repetida várias vezes ao longo do poema, criando uma conexão sonora entre as estrofes. Essas repetições e conexões sonoras contribuem para o ritmo e a coesão do poema.
Ritmo e Métrica:
O ritmo neste poema é estabelecido através da repetição e da métrica regular. Cada estrofe tem uma métrica semelhante, com três versos seguidos por uma frase curta no final. Dessa maneira, a repetição da estrutura “Burra como uma porta:” e “Burro como uma porta:” em diferentes estrofes também contribui para o ritmo cadenciado do poema.
Imagens e Símbolos:
O poema está repleto de imagens visuais e simbolismo. Por exemplo, “Três séculos de família” pode simbolizar tradição e status social, enquanto “Burra como uma porta:” pode simbolizar ignorância ou falta de discernimento. Além disso, “De ouro por todos os poros” pode simbolizar riqueza excessiva e ostentação.
Aliteração e Assonância:
A repetição do som “b” em “Burra” e “Burro” demonstra aliteração, assim como a repetição do som “p” em “Plutocrata” e “porta”. A repetição do som “o” em “poros”, “porta”, e “pobre” exemplifica assonância.
Linguagem Figurada:
A linguagem figurada é evidente em frases como “Burra como uma porta:”, que é uma simile, e “De ouro por todos os poros”, que é uma hipérbole para enfatizar a riqueza excessiva.
Emoção e Reflexão:
O poema reflete uma crítica social e emocional à elite, expressando desdém pela ignorância e pela ostentação, enquanto alude às tensões sociais no final com “Uma bomba”.
Os elementos poéticos usados neste poema ajudam a aprofundar a crítica social de Mário de Andrade e a expressar suas emoções e reflexões sobre a sociedade de uma maneira criativa e impactante.
A Exploração do Amor em “Soneto de Fidelidade”
Soneto de Fidelidade (1946), de Vinicius de Moraes:
De tudo, ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto Dele se encante mais meu pensamento. Quero vivê-lo em cada vão momento E em louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento. E assim, quando mais tarde me procure Quem sabe a morte, angústia de quem vive Quem sabe a solidão, fim de quem ama Eu possa me dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama Mas que seja infinito enquanto dure.
O Soneto de Fidelidade de Vinicius de Moraes é uma bela exploração do amor em sua forma mais pura e temporária. Vinicius promete amar de forma plena enquanto o afeto durar, comparando o amor ao fogo, que é intenso mas eventualmente se apaga.
A estrutura clássica de um soneto com 14 versos, cria uma cadência que carrega a emotividade das palavras. A imagem do amor como fogo ressalta a beleza do efêmero, incentivando a apreciação do presente. A linha final, “Mas que seja infinito enquanto dure“, é uma aceitação graciosa da transitoriedade da vida e do amor, celebrando o agora.
Como Interpretar os Texto Poético?
Interpretar textos poéticos pode ser um desafio, especialmente em um ambiente de prova. A estrutura única, a linguagem figurada e os elementos poéticos podem tornar a interpretação um pouco complexa. No entanto, com uma compreensão clara dos elementos poéticos e uma leitura atenta, é possível apreciar a beleza da poesia e responder às questões de prova com confiança. Então, vamos explorar algumas estratégias e dicas para ajudá-lo a interpretar textos poéticos em provas:
- Leitura Cuidadosa:
- Leia o poema várias vezes para entender o tema, o tom e os elementos poéticos utilizados.
- Não se apresse; a poesia requer uma leitura atenta para apreciar as nuances.
- Análise dos Elementos Poéticos:
- Identifique a métrica, a rima, a aliteração, a assonância e outras figuras de linguagem presentes no texto.
- Analise como esses elementos contribuem para o tema e o tom do poema.
- Identificação do Tema e do Tom:
- Determine o tema central do poema e o tom (sério, irônico, melancólico, alegre, etc.) adotado pelo poeta.
- Veja como o tema e o tom estão interligados e como influenciam a mensagem do poema.
- Contextualização:
- Se possível, contextualize o poema historicamente e culturalmente para entender melhor as referências e a mensagem.
- Conhecer o autor e o período em que o poema foi escrito também pode ser útil.
Essas dicas podem ajudá-lo a se preparar melhor para interpretar textos poéticos em provas e exames, além disso, proporciona uma compreensão mais profunda e apreciação da poesia. Assista a esse vídeo para ver essas estratégias em ação.
Conclusão
A poesia é uma janela para a alma, uma forma de explorar o indizível e o efêmero. Portanto, ao explorar textos poéticos, abrimos nossos corações para as nuances da experiência humana, descobrindo a beleza no ordinário e o extraordinário no simples.
Fonte: academic.oup